Sou veterinária de animais de companhia, sobretudo de cães e gatos. Mas a porta está aberta para todos os outros. Hamsters, coelhos, porquinhos da Índia, papagaios, canários, tartarugas, ovelhas, furões, ratazanas e até raposas passam pelo meu consultório. E vêm sempre acompanhados dos respetivos tutores. Ambos, mascote e seu amigo humano, preenchem a minha vida, fazem-me rir, chorar e acreditar que o meu pequeno contributo poderá, de alguma forma, mudar o mundo para melhor… O meu dia é pleno de experiências gratificantes, quando consigo salvar animais, apaziguar o seu sofrimento e contribuir para os manter saudáveis. E quando isto acontece sinto-me imensamente feliz. Mas também me deparo com histórias insólitas, simplesmente divertidas ou hilariantes, que aliviam a tensão inerente a uma profissão naturalmente desgastante:
. Uma operação a um furão que infestou o consultório, durante dias, com um cheiro pestilento.
. Uma cadela supostamente em trabalho de parto e que acabou por «dar à luz» apenas gases.
. O estranho pedido do dono de uma cadela que, depois de eu destartarizar a sua mascote, me pediu para lhe fazer o mesmo.
. Uma pergunta chocante, colocada depois de tratar durante imenso tempo uma ferida grave na perna de uma ovelha: «Agora, quanto tempo é que tenho de esperar até a carne poder ser consumida? É que a Páscoa está a chegar e tinha pensado vendê‑la para o talho!»
. Uma ratazana atropelada, transportada numa caixa de sapatos.
Estas são algumas das histórias que a veterinária Célia Palma nos conta neste livro recheado de humor, emoções, alegrias, tristezas e que nos apresenta o mundo dos animais e seus tutores, na sua verdadeira essência.